Como é feito um Estudo Psicossocial em Vara de Família?
- Camila S Santana
- 10 de out.
- 4 min de leitura
Atualizado: 25 de out.
O que é um Estudo Psicossocial em Vara de Família?
O estudo psicossocial em Vara de Família é uma avaliação técnica e interdisciplinar realizada por psicólogos e assistentes sociais designados pelo juiz.
Seu objetivo é compreender a dinâmica emocional, afetiva e social das pessoas envolvidas em conflitos familiares, fornecendo informações fundamentais para decisões sobre guarda, convivência, adoção ou interdição.
Esse estudo faz parte do compromisso da Justiça de proteger o melhor interesse da criança e do adolescente, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990), e de garantir decisões baseadas não apenas em documentos, mas também em evidências emocionais e relacionais.
Por que o juiz solicita o Estudo Psicossocial?
O juiz solicita um estudo psicossocial quando o processo envolve questões familiares delicadas, que exigem compreensão técnica do funcionamento emocional e relacional das partes.
Em geral, o estudo é determinado para:
⚖️ Compreender o vínculo afetivo entre pais e filhos;
👶 Avaliar a capacidade parental e as condições de cuidado de cada genitor;
💔 Investigar possíveis situações de alienação parental ou violência psicológica;
🏠 Avaliar a rotina e o ambiente familiar;
💬 Entender o desejo e a percepção da criança quanto à convivência com cada parte.
Essas informações permitem que o magistrado tenha uma visão ampla, técnica e sensível da realidade familiar, auxiliando na tomada de decisões mais justas e equilibradas.
Etapas do Estudo Psicossocial em Vara de Família
O procedimento é estruturado em etapas técnicas e segue protocolos baseados nas Resoluções do Conselho Federal de Psicologia, garantindo ética, rigor científico e sensibilidade.
A seguir, veja como o estudo é realizado na prática:
1️⃣ Análise da demanda judicial
O trabalho começa com a análise do processo judicial e dos quesitos formulados pelo juiz (as perguntas que o profissional deve responder).Nessa etapa, o psicólogo define o foco da avaliação — por exemplo: guarda, convivência, vínculo afetivo, ou indícios de alienação parental — e planeja os instrumentos que serão utilizados.
2️⃣ Entrevistas individuais
São realizadas entrevistas separadas com os genitores, a criança (quando possível) e outros familiares. O objetivo é compreender:
O histórico familiar e a relação entre os membros;
As percepções sobre a convivência e o conflito;
As condições emocionais de cada pessoa envolvida.
Essas entrevistas são conduzidas de forma acolhedora, ética e imparcial, respeitando o sigilo profissional.
3️⃣ Entrevistas conjuntas e observações familiares
Quando necessário, o psicólogo realiza entrevistas conjuntas ou observações de interação entre pais e filhos, com o intuito de compreender a qualidade do vínculo afetivo e as dinâmicas de comunicação e cuidado.
Essas observações permitem identificar padrões de comportamento, formas de afeto e possíveis fatores de risco emocional para a criança.
4️⃣ Visitas domiciliares
A visita domiciliar é uma etapa importante, especialmente em casos de disputa de guarda. Ela possibilita observar:
As condições do ambiente familiar;
A organização da rotina e dos espaços de convivência;
A disponibilidade emocional e prática de cada genitor para cuidar da criança.
O objetivo não é “julgar” o padrão de vida, mas compreender como cada contexto favorece o bem-estar e o desenvolvimento saudável do menor.
5️⃣ Aplicação de instrumentos psicológicos
Em alguns casos, são utilizados instrumentos psicológicos reconhecidos pelo CFP, como escalas e testes validados, para avaliar funções cognitivas, emocionais e relacionais. Essas técnicas complementam as entrevistas, oferecendo embasamento científico às análises.
6️⃣ Elaboração do Laudo Psicossocial
Após reunir e analisar todas as informações, o profissional elabora o Laudo Psicossocial, documento técnico que sintetiza:
As informações coletadas;
A análise psicológica e social;
As conclusões sobre o funcionamento familiar;
E as respostas aos quesitos judiciais.
O laudo é apresentado ao juiz e pode influenciar diretamente na definição da guarda, convivência ou outras medidas protetivas.
O papel da Assistente Técnica nesse processo
Durante o estudo psicossocial, cada parte pode indicar uma Assistente Técnica, uma psicóloga de confiança que oferece um olhar técnico independente e representa os interesses da parte que a contratou.
A Assistente Técnica:
Analisa o laudo psicossocial elaborado pelo perito judicial;
Elabora um parecer técnico psicológico, apontando complementações, divergências ou inconsistências;
Formula quesitos complementares ao perito;
Auxilia advogados e partes na interpretação dos aspectos psicológicos do caso;
Garante o contraditório técnico, previsto no Código de Processo Civil.
👉 Essa atuação é essencial para assegurar que o laudo oficial seja interpretado corretamente e que todos os elementos psicológicos relevantes sejam considerados pelo juiz.
Conclusão: técnica e sensibilidade na Justiça de Família
O estudo psicossocial em Vara de Família é uma ferramenta essencial para que o sistema de Justiça compreenda o lado humano das relações familiares. Ele revela dinâmicas, sentimentos e contextos que documentos e depoimentos sozinhos não mostram.
Contar com uma Assistente Técnica em Psicologia Jurídica é uma forma de garantir que a análise seja conduzida com rigor técnico, ética e empatia, assegurando uma defesa mais completa e equilibrada.
💬 Entre em contato e saiba como posso contribuir com o seu caso.
📍 Sobre a autora
Sou Camila Silva Santana, Psicóloga Jurídica – CRP 03/25621, atuante nas Varas de Família, Interdição e Infância e Juventude do Tribunal de Justiça da Bahia. Com mais de 700 processos analisados, experiência em Perícia Psicológica e Assistência Técnica, e formação em Escuta Especializada (Lei nº 13.431/2017), dedico minha atuação a promover uma Justiça mais humana, técnica e sensível.
📩 Contato: meucontatocamilass@gmail.com
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