Quando o pai encontra barreiras: as dificuldades impostas à convivência familiar
- Camila S Santana
- 10 de out.
- 3 min de leitura
Atualizado: 25 de out.
O direito de conviver é da criança — não dos pais
Em processos de separação, é comum que os conflitos conjugais se confundam com as responsabilidades parentais.
Em alguns casos, a mãe, ainda ressentida ou em desacordo com o ex-companheiro, acaba impondo barreiras à convivência do pai com o filho, limitando contatos, desmarcando visitas ou dificultando a comunicação.
Essas atitudes, que muitas vezes surgem de forma velada e emocional, acabam violando um direito fundamental da criança: o de conviver com ambos os genitores de forma equilibrada, segura e afetiva.
Como essas dificuldades se manifestam na prática
As restrições ao convívio paterno podem aparecer de formas sutis ou diretas, mas todas comprometem o vínculo entre pai e filho.
Entre as mais comuns estão:
🚫 Impedir ou dificultar visitas e encontros;
📞 Controlar ligações, mensagens ou contatos por vídeo;
📆 Mudar horários e compromissos de última hora, prejudicando o planejamento do pai;
💬 Falar mal ou desqualificar o genitor na frente da criança;
💔 Criar medo ou rejeição ao pai, dizendo que ele é “ruim”, “ausente” ou “perigoso”;
⚖️ Usar a criança como instrumento de retaliação emocional ou judicial.
Essas condutas geram uma dinâmica de afastamento progressivo, em que a criança passa a se sentir dividida entre o amor por um genitor e a necessidade de agradar o outro.
As consequências para a criança
Quando um dos genitores coloca obstáculos à convivência familiar, a criança é quem mais sofre.
O afastamento forçado fere seu desenvolvimento emocional, prejudica a noção de pertencimento e causa desequilíbrio afetivo e comportamental.
Entre as consequências mais observadas estão:
Insegurança e medo de decepcionar a mãe;
Rejeição injustificada ao pai;
Ansiedade e confusão emocional;
Dificuldades de confiança e autonomia;
E, no longo prazo, problemas de autoestima e identidade.
A criança tem o direito de construir sua própria experiência afetiva com ambos os pais, sem interferências, manipulações ou julgamentos.
O olhar da Psicologia Jurídica
A Psicologia Jurídica tem papel fundamental na compreensão dessas situações.Durante um estudo psicossocial, o psicólogo jurídico busca compreender a dinâmica familiar, os vínculos afetivos e o papel de cada genitor na vida da criança.
O profissional analisa:
Se há barreiras emocionais ou comportamentais à convivência;
O grau de cooperação e comunicação parental;
A capacidade de ambos os pais de promover o bem-estar do filho;
E o impacto psicológico dessas restrições na criança.
Essas informações são registradas em um laudo técnico psicológico, que orienta o juiz a decidir sobre guarda, convivência e medidas protetivas, sempre com base no melhor interesse da criança.
Quando a dificuldade se transforma em alienação parental
Quando as restrições à convivência são repetitivas e intencionais, com o objetivo de afastar a criança do pai, o caso pode configurar alienação parental, prevista na Lei nº 12.318/2010.
A alienação é caracterizada pela tentativa de interferir na formação psicológica da criança, fazendo com que ela rejeite o outro genitor sem motivo legítimo.
Essa prática é considerada violência psicológica e pode resultar em advertência judicial, reversão de guarda ou acompanhamento psicológico familiar.
O papel da Assistente Técnica nesses processos
Nos casos em que há conflitos relacionados à convivência familiar, as partes podem contar com uma Assistente Técnica em Psicologia Jurídica — profissional que oferece um olhar técnico independente sobre o caso.
A Assistente Técnica:
Analisa o laudo psicossocial elaborado pelo perito judicial;
Elabora um parecer técnico psicológico, destacando aspectos relevantes sobre o vínculo afetivo;
Formula quesitos (perguntas técnicas) ao perito judicial;
E auxilia advogados e partes na compreensão dos aspectos emocionais e comportamentais do caso.
Sua atuação assegura o contraditório técnico, permitindo que as decisões judiciais sejam mais equilibradas, éticas e fundamentadas na realidade emocional da criança.
Conclusão: a convivência é uma forma de amor
Impedir o contato entre pai e filho não protege a criança — a priva de afeto e referências. A convivência saudável é essencial para o desenvolvimento emocional e social, e o papel do Judiciário e da Psicologia é garantir que esse direito seja preservado.
Com o apoio da Psicologia Jurídica e da Assistência Técnica, é possível identificar situações de manipulação emocional, reconstruir vínculos e promover decisões que respeitam o direito da criança de conviver com amor, segurança e equilíbrio.
💬 Entre em contato e saiba como posso contribuir com o seu caso por meio da Assistência Técnica em Psicologia Jurídica.
📍 Sobre a autora
Sou Camila Silva Santana, Psicóloga Jurídica – CRP 03/25621, atuante nas Varas de Família, Interdição e Infância e Juventude do Tribunal de Justiça da Bahia. Com mais de 700 processos analisados, experiência em Perícia Psicológica e Assistência Técnica, e formação em Escuta Especializada (Lei nº 13.431/2017), dedico minha atuação a promover uma Justiça mais humana, técnica e sensível.
📩 Contato: meucontatocamilass@gmail.com
📞 WhatsApp: 71 98718-1480
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