Guarda unilateral: o que é e quando é determinada pela Justiça
- Camila S Santana
- 10 de out.
- 3 min de leitura
Atualizado: 25 de out.
O que é guarda unilateral
A guarda unilateral é o modelo de guarda em que apenas um dos genitores assume a responsabilidade principal pelos cuidados e decisões sobre a vida do filho, ficando o outro com o direito de visitas e acompanhamento.
Esse tipo de guarda é previsto no artigo 1.583 do Código Civil e pode ser determinada pelo juiz quando entende que um dos pais não possui condições adequadas de exercer a guarda de forma conjunta, seja por motivos emocionais, comportamentais, estruturais ou de segurança.
A guarda unilateral busca preservar o bem-estar e o desenvolvimento saudável da criança, evitando que o conflito entre os pais cause prejuízos emocionais ou psicológicos.
Quando a guarda unilateral é aplicada
Embora a guarda compartilhada seja a regra prevista em lei, há situações em que o juiz pode determinar a guarda unilateral. Isso ocorre quando uma avaliação técnica comprova que a convivência compartilhada seria prejudicial à criança, ou que um dos genitores não apresenta condições de exercer a parentalidade de forma equilibrada.
Entre os motivos mais comuns estão:
💔 Conflitos parentais intensos e contínuos;
🚨 Casos de negligência, abuso ou violência doméstica;
🧠 Condições psicológicas que comprometem o cuidado e a segurança da criança;
⚖️ Falta de diálogo e cooperação entre os genitores;
🧒 Desejo ou resistência da própria criança, avaliada conforme sua idade e maturidade emocional.
Nesses casos, o juiz pode designar a guarda a um dos genitores, avós ou outro responsável que garanta estabilidade e proteção.
O papel do estudo psicossocial na definição da guarda
Antes de decidir pela guarda unilateral, o juiz geralmente solicita um estudo psicossocial, conduzido por psicólogos jurídicos do Tribunal. Esse estudo busca compreender a realidade emocional e familiar das partes envolvidas e avaliar o impacto da convivência sobre a criança.
Durante o estudo, o profissional realiza:
Entrevistas com os pais e a criança;
Observações comportamentais;
Visitas domiciliares, quando necessário;
Aplicação de instrumentos psicológicos reconhecidos pelo CFP;
Análise das relações de afeto, cuidado e segurança.
Com base nessas informações, é elaborado um laudo técnico psicossocial, que serve como prova para o juiz decidir quem deve exercer a guarda e como será organizada a convivência familiar.
O olhar psicológico na guarda unilateral
O olhar psicológico é essencial para compreender as dimensões subjetivas que envolvem a guarda unilateral. Enquanto o Direito define regras e responsabilidades, a Psicologia busca entender como a criança vivencia a separação, o afastamento e as novas formas de convivência.
A avaliação psicológica permite identificar:
O vínculo afetivo com cada genitor;
O impacto emocional do conflito familiar;
O nível de segurança e estabilidade que cada ambiente oferece;
E o melhor arranjo afetivo e protetivo para o desenvolvimento da criança.
Essa análise técnica fundamenta decisões mais justas e evita que a guarda seja definida com base apenas em fatores materiais ou jurídicos.
O papel da Assistente Técnica nos casos de guarda unilateral
Durante o processo, cada parte pode indicar uma Assistente Técnica em Psicologia Jurídica, que atua como profissional independente para analisar o laudo oficial e garantir que todos os aspectos psicológicos sejam devidamente considerados.
A Assistente Técnica:
Analisa o laudo psicossocial elaborado pelo perito judicial;
Elabora um parecer técnico psicológico, apontando possíveis falhas, omissões ou divergências;
Formula quesitos técnicos ao perito do juízo;
Oferece suporte técnico aos advogados e partes;
Garante o contraditório técnico, previsto no Código de Processo Civil.
Essa atuação é fundamental para assegurar que o processo considere não apenas os aspectos jurídicos, mas também as necessidades emocionais e psicológicas da criança e da família.
Conclusão: quando o cuidado vem antes do convívio
A guarda unilateral é uma medida de proteção — não de punição.Ela deve ser aplicada com base em avaliação técnica, ética e criteriosa, sempre priorizando o melhor interesse da criança.
O apoio do olhar psicológico e a atuação de profissionais especializados garantem que as decisões judiciais sejam tomadas com sensibilidade, responsabilidade e equilíbrio, respeitando o direito da criança de crescer em um ambiente seguro e afetuoso.
💬 Entre em contato e saiba como posso contribuir com o seu caso por meio da Assistência Técnica em Psicologia Jurídica.
📍 Sobre a autora
Sou Camila Silva Santana, Psicóloga Jurídica – CRP 03/25621, atuante nas Varas de Família, Interdição e Infância e Juventude do Tribunal de Justiça da Bahia. Com mais de 700 processos analisados, experiência em Perícia Psicológica e Assistência Técnica, e formação em Escuta Especializada (Lei nº 13.431/2017), dedico minha atuação a promover uma Justiça mais humana, técnica e sensível.
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