Quando a mãe não compartilha informações dos filhos com o pai: o impacto psicológico e jurídico do silêncio
- Camila S Santana
- 10 de out.
- 4 min de leitura
Atualizado: 25 de out.
O direito de ambos os pais saberem
Em situações de separação, é comum que a convivência entre os genitores se torne mais limitada. No entanto, mesmo quando a criança reside com apenas um deles, ambos continuam legalmente responsáveis e têm o direito de participar das decisões sobre a vida do filho.
Quando a mãe deixa de compartilhar informações importantes — como dados sobre a escola, saúde, rotina, consultas médicas ou atividades da criança —, está violando não apenas o direito do pai, mas também o direito da criança de ter os dois pais envolvidos em sua formação e bem-estar.
O que está por trás da falta de compartilhamento
Nem sempre o silêncio é proposital. Em alguns casos, ele surge de conflitos não resolvidos da relação conjugal, desejo de controle ou dificuldades emocionais em lidar com o ex-companheiro.
Mas quando a omissão é constante e deliberada, pode configurar comportamento alienador, conforme prevê a Lei nº 12.318/2010 (Lei da Alienação Parental).
A falta de comunicação pode ocorrer de diferentes formas:
📚 Não informar sobre o desempenho escolar;
💊 Omitir questões médicas, tratamentos ou medicamentos;
📅 Esconder eventos, apresentações ou compromissos importantes;
🚫 Deixar de avisar sobre mudanças de endereço, rotina ou contatos;
💬 Dificultar o acesso do pai a professores, médicos ou cuidadores.
Essas atitudes rompem a coparentalidade e causam impacto direto na forma como a criança percebe o envolvimento e o interesse do pai por sua vida.
O impacto emocional na criança
A criança percebe quando há comunicação truncada entre os pais — mesmo que nada seja dito diretamente a ela.
A ausência de diálogo e cooperação gera tensões emocionais, sentimentos de culpa, confusão e insegurança, além de distorcer a imagem do pai, que passa a parecer ausente ou desinteressado.
Entre os principais efeitos psicológicos observados estão:
Insegurança emocional;
Baixa autoestima;
Dificuldade de confiar em figuras de autoridade;
Sentimentos de abandono;
E, em longo prazo, fragilidade nos vínculos familiares.
A criança cresce acreditando que o pai não participa — quando, na verdade, ele é impedido de fazê-lo.
O olhar da Psicologia Jurídica
A Psicologia Jurídica tem papel essencial na compreensão dessas dinâmicas. Durante o estudo psicossocial, o psicólogo jurídico avalia como cada genitor exerce a parentalidade, incluindo aspectos como:
A comunicação e cooperação entre os pais;
O compartilhamento de informações e responsabilidades;
A disponibilidade emocional e afetiva de cada um;
E o impacto dessas condutas na percepção da criança sobre o vínculo com os pais.
O laudo psicológico resultante dessa avaliação ajuda o juiz a compreender se a falta de compartilhamento é fruto de conflitos pontuais ou de uma tentativa de afastamento emocional entre pai e filho.
O dever de coparentalidade
A coparentalidade é o princípio que garante que ambos os genitores, mesmo após a separação, continuem exercendo o papel parental de forma equilibrada e colaborativa. Isso inclui decidir juntos sobre a educação, a saúde, o lazer e a formação emocional da criança, independentemente de quem detenha a guarda física.
Negar o acesso a informações é uma forma de romper o exercício conjunto da parentalidade e prejudica a guarda compartilhada, que depende de comunicação, transparência e boa-fé.
O papel da Assistente Técnica nesses casos
Quando há indícios de que um dos genitores oculta informações importantes sobre o filho, o apoio de uma Assistente Técnica em Psicologia Jurídica é fundamental.
A Assistente Técnica:
Analisa o laudo psicossocial elaborado pelo perito judicial;
Elabora um parecer técnico psicológico, evidenciando o impacto da falta de comunicação;
Formula quesitos técnicos (perguntas) ao perito;
E orienta advogados e partes sobre como interpretar os aspectos psicológicos e relacionais envolvidos.
Essa atuação contribui para esclarecer o comportamento parental e garantir que as decisões judiciais protejam o direito da criança à presença ativa dos dois genitores.
Conclusão: quem perde é a criança
Quando uma mãe deixa de compartilhar informações sobre o filho, o prejuízo vai muito além da relação com o pai — atinge diretamente o desenvolvimento emocional da criança.
A coparentalidade exige colaboração, empatia e maturidade emocional, pois o fim da relação conjugal não extingue o compromisso parental.
Com o apoio da Psicologia Jurídica e da Assistência Técnica, é possível compreender as causas e os efeitos dessas condutas e promover decisões mais justas, humanas e protetivas, sempre orientadas pelo melhor interesse da criança.
💬 Entre em contato e saiba como posso contribuir com o seu caso por meio da Assistência Técnica em Psicologia Jurídica.
📍 Sobre a autora
Sou Camila Silva Santana, Psicóloga Jurídica – CRP 03/25621, atuante nas Varas de Família, Interdição e Infância e Juventude do Tribunal de Justiça da Bahia. Com mais de 700 processos analisados, experiência em Perícia Psicológica e Assistência Técnica, e formação em Escuta Especializada (Lei nº 13.431/2017), dedico minha atuação a promover uma Justiça mais humana, técnica e sensível.
📩 Contato: meucontatocamilass@gmail.com
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